Serão os videojogos nocivos para as crianças?

Publicada por SIDSIDSID On 22:40

Esta era, até um bom par de anos, uma pergunta cuja resposta se apresentava forte e segura de si mesma. A comunidade científica em particular, e os pais em geral, sempre estiveram de acordo em dois pontos: os videojogos tornavam as crianças anti-sociais, e por vezes (dependendo dos jogos), violentas.

Como vários dados (que muitos julgam) adquiridos, estas ideias, outrora consensuais, caíram actualmente um pouco em descrença. Os investigadores foram os primeiros a fazer um volte-face, e actualmente, crêem que o videojogo possa ser importante no desenvolvimento das faculdades mentais da criança ou adolescente, tendo recentemente reunido várias crianças para a realização de um estudo, que comprovou isto mesmo. O cerne deste dava pelo nome de Tetris, aquele que talvez seja o mais famoso jogo de sempre.

Um conjunto de crianças foi subdividido em dois grupos, que iriam realizar um teste escrito no qual as suas capacidades de atenção seriam uma extrema valia para alcançar um bom desempenho. Os resultados foram, de uma forma global, superiores no grupo de crianças que, previamente, tinham jogado o popular jogo de puzzles.

Foi aqui que teve lugar o primeiro ponto de viragem da comunidade científica face a este assunto. Hoje em dia, admitem que não só os videojogos que requeiram à criança a resolução de puzzles, exigindo pensamento lógico para que os níveis sejam completos, são favoráveis ao desenvolvimento, como também o são grande parte dos jogos existentes actualmente. Steven Johnson, famoso escritor americano, é apologista desta mesma ideia, e, no seu livro intitulado “Tudo o que é Mau Faz Bem”, transmite-nos a tese de que, embora o conteúdo do entretenimento, de forma geral, continue algo frouxo quando comparado à informação fornecida pelos livros, a forma como este conteúdo é hoje elaborado, puxa muito mais pela cabeça das crianças do que as diversões de antigamente… certamente, bem mais apoiadas pelos encarregados de educação.

Os pais, sempre mais conservadores, continuam a apresentar alguns anticorpos quando o assunto é os videojogos. Por um lado, não será difícil compreender o lado destes, que muitas vezes não conseguem controlar todo o tipo de jogos a que os seus filhos têm acesso, e, neste ponto em particular, culpas há a atribuir às entidades comerciais que vendem a crianças, jogos classificados para adultos.

Quando todos julgavam que o processo de proibição de certos jogos a faixas etárias mais jovens resolvesse o problema, eis que surgem as mesmas grandes superfícies a vendê-los indiscriminadamente, ora por ainda haver aquele estigma de que um videojogo é um brinquedo apenas destinado a crianças, ora numa pura e mercenária lógica mercantilista.

Observando o problema por esta óptica, este até se poderia revelar como um falso dilema, tomassem os governos do nosso e de outros países medidas punitivas nos casos em que tal se passasse.

Nos últimos tempos, os criadores de videojogos tem vindo a querer desmistificar algumas ideias pré-concebidas face a estes. Se o tem conseguido? Ainda não na totalidade, embora jogos como "Doctor Kawashiwa's Brain Training" para a portátil Nintendo Ds, em que, através de programas diários de exercícios relacionados com o raciocínio, memória e rapidez de pensamento, conseguimos obter um melhor rendimento diário das nossas capacidades, tenham vindo a lutar contra esta tendência, convertendo inclusivé, muitos "non-gamers".

Engraçado referir que o Professor Kawashiwa que dá o nome a este jogo, assim como a base para cada um dos exercícios, havia surgido, no passado, a criticar o papel dos videojogos na sociedade actual, aparecesse, associado a tal projecto.


Mais outro convertido ao encanto dos videojogos?


Artigo de opinião no fórum da Zwame, em: http://forum.zwame.pt/showthread.php?t=123097

Related Posts by Categories



Widget by Hoctro | Jack Book

0 comentários

Enviar um comentário